sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A Maquiagem de Coração Bazar



Como visagista, me inspirei em Liza Minelli no filme Cabaret para compor esta maquiagem de Coração Bazar. Até dezembro de 2009 eu fazia a maquiagem em todas as atrizes do elenco. Porém chegou a hora de dar autonomia as atrizes e resolvi ensinar, de forma simplificada uma versão da maquiagem que criei. Como assino a direção, trilha sonora e figurinos, não conseguiria continuar fazendo a maquiagem agora que o Grupo está prestes a alçar vôos maiores.
Também acredito que cada atriz deve conhecer seu rosto, saber valorizar seus pontos fortes e dissimular pequenas imperfeições e acima de tudo saber criar sua máscara, sua persona!

Disponibilizo aqui para todos que se interessam pelo assunto a nossa make (linda) de Coração Bazar. Ela é quase clownesca, farsesca...vedeta...no melhor sentido...da alegria e do sonho!

Evoé!

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

terça-feira, 24 de agosto de 2010

AME A ARTE com toda sua lealdade!!!

"Que a arte não se torne para ti
compensação daquilo que não soubeste ter
Que não seja transferência nem refúgio
Nem deixes que o poema te adie ou divida: mas que seja
A verdade do teu inteiro estar terrestre

Então construirás a tua casa na planície costeira
A meia distância entre a montanha e o mar
Construirás - como se diz - a casa térrea
Construirás a partir do fundamento"

Sophia de Mello Breyner

VAMOS AO TEATRO???

Falando em nome da direção e de TODAS as Nenas, estamos contando os dias para compartilhar com o público o resultado do trabalho que temos feito, SEMPRE com muito amor à Arte... Ah, e mais que isso, saber a opinião de vocês que também é muito importante pra nós.
PROGRAMEM-SE


Até lá!!!
Abraço
Rita Teles

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Reta Final

Depois de todo o trabalho, das cenas repetidas à exaustão, do trabalho com os preciosos detalhes, estamos prontas para começar um novo ciclo com Coração Bazar. Quatro anos depois do começo do processo, estamos felizes em apresentar essa versão inédita, tão espetacular quanto as outras. Vamos colocar Renatinha - Renata Reis - no palco pra ver o que dá! Agora é a hora de buscar nossos adereços: bacias, malas, panos. É hora de dar aquele retoque no figurino. De testar a maquiagem e comprar os grampos para o cabelo! Estamos todas muito ansiosas em mostrar a todos o nosso novo trabalho!
Vamos lá: Teatro VIVO. Os quatro sábados de setembro (dias 4, 11, 18, 25), às 16 horas. A entrada é gratuita. Levem pais, mães, irmãos, amigos, namorados, colegas de sala.

Beijos,
Isabella

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

TANTA MANSIDÃO

Inaugurando Agosto aqui no blog...

Como parte do meu processo, estou em busca de novas fontes de inspiração, partindo da literatura, e por influência de um autor pelo qual sou apaixonada Caio Fernando Abreu, fui atrás de algumas autoras que ele adora, e acabei me apaixonando tanto quanto sou apaixonada por ele. Depois de Hilda Hilst, voltei a fase Clarice...ela que também está em nosso lindo texto do CORAÇÃO BAZAR e não posso deixar de compartilhar com vocês este conto que me tocou muito... são estes detalhes que fazem a diferença no nosso trabalho, saber aproveitar aquilo que os grandes nos deixaram e deixam a cada dia... e transformar as palavras em sensações... este é o desafio...


TANTA MANSIDÃO

Pois a hora escura, talvez a mais escura, em pleno dia, precedeu essa noite, e essa coisa que não quero ainda definir é uma luz tranquila dentro de mim, e a ela chamaria alegria, alegria mansa.

Estou um pouco desnorteada como se um coração me tivesse sido tirado, e em lugar dele estivesse a súbita ausência, uma ausência quase palpável de que era antes um órgão banhado da escuridão da dor. Não estou sentindo nada. Mas é o contrário de um torpor. É um modo mais leve e silencioso de existir.

Mas estou também inquieta. Eu estava organizada pra me consolar da engústia da dor. Mas como é que me arrumo com essa simples e tranquila alegria. É que não estou habituada a não precisar de meu próprio consolo. A palavra consolo aconteceu sem eu sentir, e eu não notei, e quando fui procurá-la, ela já se havia transformado em carne e espírito, já não existia mais como pensamento.

Vou então à janela, está chovendo muito. Por hábito estou procurando na chuva o que em outro momento me serviria de consolo. Mas não tenho dor a consolar.

Ah, eu sei. Estou agora procurando na chuva uma alegria tão grande que se torne aguda, e que me ponha em contato com uma agudez que se pareça a agudez da dor. Mas é inútil a procura. Estou à janela e só acontece isto: vejo com olhos benéficos a chuva, e a chuva me vê de acordo comigo. Estamos ocupadas ambas em fluir. Quanto durará esse meu estado? Percebe que, com esta pergunta, estou apalpando meu pulso para sentir onde estará o latejar dolorido de antes. E vejo que não há o latejar da dor.

Apenas isso: chove e estou vendo a chuva. Que simplicidade. Nunca pensei que o mundo e eu chegássemos a esse ponto de trigo. A chuva cai não porque está precisando de mim, e eu olho a chuva não porque preciso dela. Mas nós estamos tão juntas como a água da chuva está ligada à chuva. E eu não estou agradecendo nada. Não tivesse eu, logo depois de nascer, tomado involuntária e forçadamente o caminho que tomei - e teria sido sempre o que realmente estou sendo: uma camponesa que está num campo onde chove. Nem sequer agradecendo ao Deus ou à natureza. A chuva também não agradece nada. Não sou uma coisa que agradece ter ser trasformado em outra. Sou uma mulher, sou uma pessoa, sou uma atenção, sou um corpo olhando pela janela. Assim como a chuva não é grata por não ser uma pedra. Ela é a chuva. Talvez seja isso que se poderia chamar de estar vivo. Não mais que isto, mas isto: vivo. E apenas vivo de uma alegria mansa.


Clarice Lispector - Tanta Mansidão
Extraído de Onde estivestes de Noite.

Lembrando Coração Bazar entra em cartaz em setembro no teatro VIVO na Mostra Jovem de Teatro, 4, 11, 18 e 25 de setembro às 16 horas!