sexta-feira, 30 de abril de 2010

A elegância do ouriço

Esse é o título do livro de Muriel Barbery. Estou lendo no momento e a seguinte parte me deixou apaixonada:

"É sempre um milagre. Todas aquelas pessoas, todas aquelas preocupações, todos aqueles ódios e todos aqueles desejos, todos aqueles desesperos, todo aquele ano de colégio com suas vulgaridades, seus acontecimentos menores e maiores, seus professores, seus alunos heterogêneos, toda essa vida em que nos arrastamos, feita de gritos e lágrimas, risos, lutas, rupturas, esperanças desfeitas e chances inesperadas: tudo desaparece de repente quando os coristas começam a cantar. O curso da vida se afoga no canto, há uma impressão de fraternidade, de solidariedade profunda, de amor mesmo, e isso dilui a feiúra do cotidiano numa comunhão perfeita."

Me lembrou aquele sentimento que temos quando se apagam as luzes do cinema ou quando ouvimos o terceiro sinal no teatro. E você, o que sente quando começa o primeiro ato?

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Eu sou a Nova Nena! Prazer...

MUIIIITO PRAZER!
Não tenho como começar a explicar o quanto entrar nesse grupo está sendo importante pra mim, estou muito feliz!!! = D
Conhecer essas novas Nenas LINDAS, dois diretores LINDOS...Está sendo tudo muito especial e estou tentando aproveitar cada segundo, aprendendo tudo que posso, não só sobre a peça, CORAÇÃO BAZAR, mas sobre cada um de vocês, cada "fatia" desse grupo (rs.)!!
Obrigada a todos por essa oportunidade magnífica!!

Esse poema abaixo, ATRIZ, chegou até mim por uma das Nenas (nena Patty), quando eu ainda mal sabia que seria uma legítima Nena... mas quanto mais conheço essas lindas 7 atrizes mais gosto deste poema... espero que gostem!

ATRIZ

De tantos disfarces me visto.
De gestos e gritos, vozes, vestidos.
Fujo de relógios e me envolvo
em cortinas de silêncio.
Lanço dados sem números.
Erro o passo e me aprumo.
Apóio-me em frágeis amores,
falsas bengalas.
Dou-me, renego e volto ao ninho.
Desterro-me,
por amor me degredo.
Provoco minha própria história.
Artesã dos meus dias,
invento falas, mas
aceito desenhos e diálogos.
Desmonto possibilidades.
Faço e me desfaço.
Choro de rir,
mergulho em lágrimas.
Lavo-me. Limpa,
volto aos dias claros.
Renasço das águas,
pobre Afrodite
no tablado da vida,
Fecho as cortinas,
até o novo dia.

Saramar Mendes

Temos uma nova Nena...

Renata Reis, é o nome dela!!!

É a mais nova Nena convidada para completar o nosso Coração Bazar!!!

Re, seja bem vinda!!!

A inspiração

Toda atriz (e aqui não importa o grau de experiência) precisa de uma fonte de inspiração. Tanto elas quanto os atores saem em buscas infindáveis para construir personagem, arquitetar cenas, intensificar o enredo e emocionar a platéia. Da mulher no ônibus, ela tira a expressão do olhar, no supermercado ela observa uma mãe acompanhada de seus filhos. Tudo e todos são objeto de trabalho da atriz. Mas não é só isso. As atrizes não podem se perder no texto de trabalho. Precisam muitas vezes de outros textos que possam complementar as idéias e tirá-las da loucura do "decorar, estudar, decorar, estudar". Quando começamos a montar Coração Bazar com o grupo definitivo de Lasnenas, chegou às minhas mãos um texto genial e que se encaixava completamente no trabalho. O nome é "Os Três Mal-Amados", de João Cabral de Melo Neto. Eu peguei só um pedacinho (o meu favorito) pra dividir com vocês. É uma fala do Joaquim, mas recomendo o texto todo quando vocês tiverem tempo.
Beijos,
Isabella

Joaquim:

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

Boa Leitura!!!

Boa leitura mesmo é aquela que se pode tirar algo de bom e proveitoso, sendo assim compartilho com vocês algo que, para mim, foi muito rico. Tenho certeza que vai, no mínimo, enriquecer sua alma, te orientar a identificar se você tem feito a "lição de casa" direitinho (rs.), contribuir com seu trabalho artístico ou simplesmente para uma boa reflexão!!!

"A arte cavalheiresca do arqueiro Zen" de Eugen Herrigel! E olha só, vou dar mastigadinho heim!!!

www.4shared.com/file/8p05Coih/Eugen_Herrigel_-_A_Arte_Cavalh.html

Have Fun

Beijos

Rita Teles

Poesia...

Hello All,

pra quem gosta de poesia, nada mais interessante que seguir as Nenas...

...descobri hoje esse site e achei bárbaro!!! Ele traz os melhores textos por poeta/escritor e em ordem alfabética...

http://www.releituras.com/

Vale a pena conferir.

Beijos

Rita Teles

Apresentação Confirmada!

O Grupo Lasnenas de Teatro tem o prazer de postar que estará em cartaz no Teatro VIVO, participando do projeto VIVO EnCena com o espetáculo "Coração Bazar".

As apresentações serão nos dias 04/09, 11/09, 18/09 e 25/09 ás 16h00.
E haverá um bate papo no final das apresentações das 17h00 ás 18h00.
Não percam!

O texto de Coração Bazar é uma coletânea de prosa e poesia feita por Regina Duarte e José Possi Neto. Oito atrizes dão vida a personagens que se revelam através dos versos de famosos poetas como Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Cecília Meireles, Carlos Drummond de Andrade, entre outros.

Como "aperitivo", aqui vai um trechinho:

"Trago dentro do meu coração,
como num cofre que se não pode fechar, de cheio,
todos os lugares onde estive,
todos os portos a que cheguei,
todas as paisagens que vi,
todas as pessoas que amei...
E tudo isso, que é tanto,
é pouco para o que quero.
Não sei se sinto demais ou de menos, não sei...
Seja o que for, era melhor não ter nascido,
Porque de tão interessante que é,
a todos os momentos, a Vida,
chega a doer, a enjoar,
a cortar, a roçar, a ranger,
a dar vontade de dar gritos, de dar pulos,
de ficar no chão, de sair para fora de todas as casas,
de todas as lógicas, de todas as sacadas,
e ir ser, selvagem, para a morte!
Vi todas as coisas, maravilhei-me de tudo,
E tudo... ou sobrou ou foi pouco.
E eu sofri. "

(PASSAGEM DAS HORAS – Fernando Pessoa)

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Lasnenas, agora devidamente blogadas

Primeiros posts são tão difíceis quanto primeiro beijo, primeira cena num palco ou primeiro filho. Aliás, é quase um primeiro filho. É tanta exposição nova, que você nunca sabe se o próximo passo será em falso ou em chão firme. A verdade é que, nessas horas, é melhor ser bem direto. Sendo assim, por que estamos aqui? Oito mulheres e dois diretores se espremendo em um único domínio com qual objetivo? Vamos lá…

Em todos os anos de Lasnenas, muitas coisas mudaram. Pra começar, o próprio nome. Só passamos a ser Lasnenas em 2007 (meninas, me corrijam se eu estiver errada). Começamos a viajar em 2008 e em 2009 coroamos o trabalho com o reconhecimento merecido. Tudo isso, porém, era bem alheio à esfera virtual, limitando-se à fotos e comunidades no orkut. E, hoje em dia, isso é praticamente um suicídio social/artístico. Por isso, está criado o Blog Lasnenas.

Acompanhe nosso trabalho, entenda o processo e, claro, não deixe de nos assistir!