segunda-feira, 31 de maio de 2010
MOSTRA VIVO ENCENA DE TEATRO JOVEM
Participam da Mostra sete grupos Teatrais que se apresentam durante quatro sábados, de 15 de maio a 27 de Novembro. Após cada espetáculo é realizado um bate papo entre elenco, direção e platéia.
A Mostra VIVO EnCena de Teatro Jovem tem como objetivo buscar através da conectividade, de ações interligadas, horizontais e participativas, abordar as principais questões do universo teatral voltado ao público juvenil, promovendo reflexões, sugerindo caminhos, valorizando fazeres e saberes e fomentando a formação de platéia.
Refugo, de Abi Morgan com O Grupo “Pequeno Teatro de Torneado”.
Romeu e Julieta (Bad Romance), de William Shakesperar com a “Cia Duas Casas”.
Blecaute de Davey Anderson com o “Grupo Quereres”.
O Primeiro Vôo de Ícaro de Luís Alberto de Abreu com o “Grupo Paidéia”.
Coração Bazar Coletânea de Poesia e Prosa com Dramaturgia de Regina Duarte e José Possi Netto com o “Grupo LasNenas de Teatro”
Por um Triz adaptação de Érika Bodstein e Valéria Marchi com o “Grupo de Teatro C.I.L”.
Maledicência de Jandira Martini com a “Cia . Vizinho Legal”.
A Classificação Etária dos espetáculos é de crianças a partir de 12 anos.
sexta-feira, 28 de maio de 2010
2ª. FESTA DO TEATRO - 2010
É o 2ª. Festa do Teatro - São mais de 40 mil ingressos gratuitos para assistir a diversas peças que estão em cartaz por toda a cidade de São Paulo.
Visite o site http://www.festadoteatro.com.br/ e escolha o posto de distribuição de ingressos mais prático pra você. Cada um tem direito a 1 par de ingressos.
Aproveite e aprecie a arte!!!
Beijos
Rita Teles
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Saudade
terça-feira, 18 de maio de 2010
LIBAÇÃO – Elisa Lucinda
É da sua natureza a fartura
a proliferação
os cromossomiais encontros,
os brotos, os processos caules,
os processos sementes
os processos troncos,
os processos flores -
são suas mais finas dores.
As conseqüências, cachos,
as conseqüências, leite,
as conseqüências folhas,
as conseqüências frutos -
são suas cores mais belas.
É da substância do átomo
Ser partível, produtivo, ativo e gerador.
Tudo é no seu âmago e início,
patrício da riqueza, solstício da realeza.
É da vocação da vida a beleza
e a nós cabe não diminuí-la, não roê-la
com nossos minúsculos gestos ratos,
nossos fatos apinhados de pequenezas.
Cabe a nós enchê-la, cheio que é
o seu princípio.
Todo vazio é grávido desse benevolente risco,
todo presente é guarnecido
do estado potencial de futuro.
Peço ao ano-novo,
aos deuses do calendário
aos orixás das transformções
nos livrem do infértil da ninharia.
Nos protejam da vaidade burra,
da vaidade “minha”, desumana, sozinha.
Nos livrem da ânsia voraz
daquilo que , ao nos aumentar, nos amesquinha.
A vida não tem ensaios
mas tem novas chances.
Viva a burilação eterna, a possibilidade:
o esmeril dos dissabores!Abaixo o estéril arrependimento,
a duração inútil dos rancores.
Um brinde ao que está sempre nas nossas mãos:
a vida inédita pela frentee a virgindade dos dias que virão.
*Este poema da Elisa Lucinda foi recentemente adotado pelas nenas e (orientadas pela direção) optamos por incluí-lo no nosso texto! Ele estava na peça "Parem de Falar Mal da Rotina", um monólogo que a mesma fazia.
Deliciem-se com este texto!!
Beijooos
sábado, 15 de maio de 2010
Malu Mulher é atemporal
O episódio de estréia aborda o processo de separação de Malu e Pedro Henrique, as brigas, a insegurança da filha e a evidente desarmonia no lar. O primeiro ano do seriado mostra as dificuldades de Malu na tentativa de se virar sozinha e conseguir manter a casa e sustentar a filha. No segundo ano, Malu está mais amadurecida e consegue um trabalho fixo num instituto de pesquisa. Tem início então uma nova fase, onde ela está pronta para recomeçar a vida afetiva.
Porque Malu entra no processo de criação de Coração Bazar ?:
Exemplo de algumas frases: "Acabou-se o que era doce, Até sangrar, De repente tudo novamente..."
Sem saber, as atrizes criaram composições interessantíssimas e a cena ficou pronta.
As frases atribuídas as atrizes eram os títulos dos episódios do seriado Malu Mulher ! E coincidentemente ( se é qie existem coincidências) o que elas criaram retratava os temas dos episódios! E o mais louco de tudo isso é que elas nunca tinham visto, não tiveram nenhuma referência.
Em nosso último ensaio elas tiveram o primeiro contato com "Malu" e foi surpreendente. O envolvimento delas foi total e a empatia imediata. A linguagem cênica que o seriado propõe é extrememente atual...e os temas são discutidos até hoje!
Não conseguimos assistir a todos os episódios disponíveis, pois tínhamos ainda um grande ensaio pela frente, mas os que assistimos serviram de mola propulsora para um importante salto qualitativo do processo de trabalho deste grupo!
Agradeço mais ma vez a Regina Duarte que serve de inspiração direta e sem saber colabora sempre com nosso trabalho!
Grade beijo,
Ivan Izzo
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Começar de novo
É tão difícil ficar guardando tudo que tenho pra falar (e não é pouco). Depois de uma semana tão maluca, venho compartilhar com vocês as minhas experiências do último ensaio. As meninas, minhas nenas queridas, já contaram a versão delas. Minha vez!
O encontro da semana passada trouxe de volta uma tradição antiga nossa (uma das minhas favoritas) e que abandonamos em 2010. Costumávamos dedicar um tempo do ensaio para ler poemas, trechos de livros ou músicas que traduzissem os sentimentos da semana. Parece tão difícil, né? E é mesmo. Muitas vezes você se vê diante de milhares de possibilidades e, de vez em quando, não tem nada! É um trabalho árduo transformar uma sensação em algo palpável, como palavras. Esse é o momento da emoção, o que não quer dizer que choramos toda semana (só de vez em quando). Na verdade, esse é o intervalo que dedicamos à nossa sintonia. É o momento do grupo dividir o que passou naquelas horas em que não estávamos juntos. Eu escolhi para a semana passada um texto do livro "Tigre de Veludo" do poeta americano E.E. Cummings. O pedacinho falava sobre a intensidade do amor, da plenitude do sentimento e também da possibilidade do fim de tudo isso. Em seguida, li uma página de "A Paixão Segundo G.H.", coisa que surpreenderia a maior parte dos meus amigos, já que tenho uma aversão declarada por Clarice Lispector, autora do livro. Há alguns anos, li "A Hora da Estrela" da mesma escritora e achei péssimo. G.H. mudou a minha opinião. Além disso tudo, G.H. me entendeu (coisa que poucos andam conseguindo ultimamente). Clarice me explicou a dor e a delícia de amar (algo que, cá entre nós, venho descobrindo).
Bom, mas sem nostalgia. Depois da leitura, assistimos alguns episódios de "Malu Mulher", o seriado televisionado pela Rede Globo no final da década de 70 e início de 80. Regina Duarte faz o papel da protagonista, uma mulher que tem que reaprender a viver depois do seu divórcio. Trinta anos depois e o tema mais atual que existe. Surpreendente, né? Recomendado para os apaixonados pela arte, especialmente pela aula de atuação dada por Marília Pêra e Gianfrancesco Guarnieri. Adorei!
A direção sugeriu, então, um exercício sensacional. Era hora de "colocar em prática" todas as emoções e situações discutidas anteriormente. A proposta era de um exercício sinestésico. Deveríamos sentir a música ouvida. "Como se movimenta o desespero, o amor, a alegria?", "Quero ver o azul em seu corpo!" O amor em um gesto, as mãos que constróem a imagem da tristeza. No final, mesmo sem ar, com as mãos doloridas e alguns roxos espalhados pelos corpo (me empolguei no exercício. Coloquei pra fora toda a intensidade e ahhh, como isso era necessário!), senti profunda satisfação e prazer em poder ter essa experiência.
No final do ensaio, me peguei tendo o mesmo pensamento que tenho há meses: todos deveriam ter a chance de participar de um ensaio de "Coração Bazar". É tão único. Os ensaios conseguem revitalizar, energizar a todos. A alma sai diferente: leve, flexível, aberta ao novo. Sinto profunda gratidão em poder ter essa experiência. Sou grata por tudo isso. Pelas meninas maravilhosas, as minhas nenas queridas, que me entendem pelo olhar, por um suspiro e não medem esforços para me ajudar. Pela direção, que já é mais do que família, e que exige cada vez mais, reconhecendo nossos medos e aflições mais escondidas. Pelo texto de "Coração Bazar" (e todos os seus autores), que, quando compreendido, ilumina tantas partes da vida. Pela querida madrinha, Regina Duarte, que nos deu essa chance e acompanha ainda o processo. Por todos aos que foram assistir e apoiaram sempre (pais, irmãos, amigos, namorados e etc).
Obrigada, "Coração Bazar" e Lasnenas, por me fazerem cada dia mais feliz. E mais completa.
Com amor,
Isabella
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Interessante...
Um olhar sobre a história e o fazer teatral
Antes da História, um pouco de histórias.
Muitas pessoas, pelos mais diversos motivos, não tiveram ainda a oportunidade de ir ao teatro para assistir a um espetáculo. Apesar disso, é certo que, de um modo ou de outro, todo mundo entende um pouco de Teatro, seja por peças feitas ou assistidas na escola, por entrevistas em que atores falam dessa arte ou de seu trabalho como intérpretes, ou por uma certa aproximação da linguagem teatral com aquela dos filmes ou das telenovelas. A essência do Teatro, que compreende o autor, o texto e o público, acontece no chamado fenômeno teatral, ou seja, o espetáculo. Por sua vez, o espetáculo é uma arte do aqui-agora porque ele só acontece, de verdade, com a presença, ao vivo, do ator e do público. Diferentemente de outras formas artísticas ligadas às chamadas artes da representação – como, por exemplo, aquelas praticadas por atores no cinema e na televisão –, no Teatro, quando atores e público estão juntos em seus espaços característicos – o palco e a platéia –, diz-se que ambos participam de uma experiência artística ou estética. Essa experiência estética, por suas características particulares, assume uma forma ritualística. O Teatro, pela relação atores-público, representa uma espécie de cerimônia simbólica. Portanto, o público e os atores sabem-se separados, pelas funções diferentes, mas ligados pela mesma experiência, que é o espetáculo. Em Teatro, tudo se passa ao mesmo tempo. Quando, por exemplo, um ator erra ou esquece o texto, quando um refletor de luz não funciona, quando um ator tem um “ataque de riso” imprevisto, quando a trilha sonora não entra no momento certo não há como corrigir o imprevisto. Não é possível voltar atrás. Nesses momentos, cabe ao ator improvisar e assumir aquilo que não estava previsto ou disfarçar e fingir que nada aconteceu. No primeiro caso, quando se improvisa, é bastante comum acontecerem momentos memoráveis de cumplicidade na parceria atores/público. Ao aproveitar-se do erro, o ator pode brincar e estimular de modo mais efetivo a participação do público. Afinal, Teatro é um jogo entre o público e os atores. No espetáculo teatral, quando um problema aparece e o ator assume o “erro”, o público normalmente compreende e incentiva ainda mais os atores com palmas. Quando o espetáculo é bom e tudo funciona, o público se entrega a ele. Há uma atmosfera de respeito e silêncio, de total aceitação. É como se o público e os atores “respirassem juntos”.
As origens e a natureza do Teatro
O Teatro, na condição de linguagem sistematizada, iniciou-se na Grécia Antiga (por volta do séc. VIII a.C.) como decorrência de cerimônias ou rituais religiosos em homenagem ao deus Dioniso (ou Bacco, para os romanos), que teria ensinado a humanidade a cultivar uvas e a fazer vinho. O ritual em homenagem ao deus Dioniso chamava-se “Ritual de Fertilidade” e estruturava-se em uma procissão, com vários seguidores, cujo símbolo era o phallos (pênis). Desse modo, o deus – hoje considerado o patrono do Teatro – era tido como fertilizador das vinhas, da terra e da humanidade e, como conseqüência, dos prazeres carnais. Nesses rituais, personificar o deus (“estar em seu lugar”) para homenageá-lo correspondia à aceitação do princípio do fingimento, que caracteriza até hoje a base do trabalho do ator. Assim, o princípio de “aceitar” o ator como sendo a personagem é uma “convenção de natureza estética”. Quando se assiste a um espetáculo teatral, alguma coisa nele, que nem sempre se consegue explicar, pode provocar as mais diferentes reações. Palavras não compreendidas, gestos emocionantes, movimentos inexplicáveis, pessoas estranhas, imagens poéticas, e o contrário disso tudo, podem mexer com as pessoas. A apreciação estética compreende, então, uma reflexão sobre os sentimentos provocados pelo belo artístico. O poeta português Fernando Pessoa escreveu, na década de 30, um de seus poemas mais famosos, chamado “Autopsicografia”, cujos versos, a respeito de fingimento, dizem:
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente
Sabe-se que um determinado ator não é a personagem que apresenta ou aparenta ser; entretanto, dependendo do talento ou da capacidade para metamorfosear-se nessa personagem, o ator pode levar o espectador a acreditar, a torcer, a ter raiva, pena, a refletir, enfim, a identificar-se com ela. Em Teatro, diz-se ainda que essa identificação com a personagem – que também pode ser chamada de empatia – tanto pode ser emocional quanto racional ou, como acontece normalmente, compreender os dois tipos de aproximação. Em grego, a palavra persona significa máscara; vêm daí palavras como personalidade e personagem. Desse modo, a personagem corresponde a uma máscara, seja no sentido de mentalidade ou conjunto de características comportamentais de alguém, como também o próprio objeto que, na Grécia Antiga, era usado pelos atores. É por isso que o símbolo do teatro é representado pelas duas máscaras: a da tragédia e a da comédia.
Nem verdade, nem mentira, apenas verdade simbólica
Que estranho e desconhecido procedimento é esse que, nas artes da representação, faz com que se acredite em alguma coisa que se sabe não verdadeira? O que faz com que se torça por esta ou aquela personagem a ponto de sentir suas dores, receios, raivas, inquietações? Que espécie de emoção é essa que nos induz a esquecermos de nós mesmos para emocionalmente nos colocarmos no lugar dos outros? Por que se torce, sofre, chora, tem raiva, quer vingança, se emociona pelas personagens que sabemos não serem reais? O que faz com que se “sinta de verdade” – emocional e racionalmente – os sentimentos das personagens? Que coisa é essa? Sabe-se que a arte da representação não mostra a “realidade verdadeira”, mas a imita e, em boa parte das vezes, com tanta semelhança que se confunde o verdadeiro com o imaginário. A “confusão” entre realidade e ficção acontece porque em arte impera o conceito de verdade simbólica ou realidade simbólica. Ou seja, sabe-se que não se trata de uma verdade, mas aceita-se como se representada o fosse. Ou melhor, aceita-se a “verdade” a partir de uma convenção. Nessa “realidade simbólica”, fundamentada no fingir, concentra-se talvez a grande força da arte teatral: o ser humano precisa ser mais do que ele mesmo, precisa superar-se a partir de histórias e trajetórias de outros seres, precisa identificar-se com a personagem-modelo, talvez até para entender-se melhor, conhecer-se melhor, colocar-se no lugar do outro, ser aceito.
O surgimento da palavra Teatro
De certo modo, o poder encantatório que o teatro tem exercido na humanidade apresenta-se na própria raiz da palavra grega, ou seja, o nome teatro vem de theastai ou theatron: “lugar de onde se vê”, que corresponde à área da platéia. Com o passar dos tempos, a expressão passaria a designar não apenas um local como também o espetáculo e sua linguagem específica. Dentre os autores consagrados do período da antigüidade, cujas obras até hoje nos emocionam ao mostrarem a fragilidade humana diante do destino, podem ser destacados os autores de tragédias Ésquilo (525-456 a.C.), Sófocles (496-406 a.C.) e Eurípedes (480-406 a.C.), e de comédias Aristófanes (445-386 a.C.) e Menandro (342-292a.C.). Nos dias de hoje, a palavra Teatro tem várias conotações. Fala-se, por exemplo, Teatro Municipal – referindo-se à casa de espetáculos; Teatro de Ariano Suassuna – referindo-se ao conjunto de obras criadas pelo autor; Teatro de Antunes Filho – correspondendo ao conjunto de espetáculos dirigidos pelo diretor; Teatro de Fernanda Montenegro – correspondendo ao modo de interpretação da atriz. Diz-se, ainda, que um determinado filme é bastante teatral – identificando-se as características próprias do teatro presentes na obra, ou que um determinado espetáculo tem muita teatralidade – referindo-se, normalmente, ao jogo dos atores em cumplicidade com a platéia.
Para se avaliar um espetáculo teatral, pode ser um bom critério ficar bastante atento ao desempenho dos atores, observando se imitam ou levam para o palco características consagradas pelos programas ou atores de televisão. Principalmente nas comédias, não é difícil encontrar atores que apelam para os tipos televisivos. Teatro não é televisão! Uma imitação dessa natureza, além de empobrecedora, acaba perdendo a teatralidade. Uma avaliação positiva pode ser feita quando o ator imita esses tipos televisivos para criticá-los. Ao se fazer Teatro na escola ou na comunidade, deve-se fugir dessas imitações. Deve-se ter claro que a capacidade imaginativa do ator é infinitamente superior àquela da simples imitação. Pode ser difícil de entender, mas, quando se imita uma dessas personagens, não só os gestos exteriores são copiados como também todo tipo de preconceito que ela carrega. Um excelente resultado pode ser obtido quando se leva essa discussão para a sala de aula. Algumas questões podem dar início ao debate: quais são os tipos de interesses existentes na criação de determinadas personagens preconceituosas? Por que, por exemplo, a classe média acha tão “engraçado” as falas e posturas de personagens que dizem detestar pobre? É até “compreensível” que a classe média ria, mas, e o pobre? Do que é que ele ri? Fala-se tanto em democracia grega, mas os gregos consideravam as crianças, os escravos, os estrangeiros e as mulheres, seres inferiores. Além disso, as mulheres não podiam atuar nos palcos – eram os homens que faziam os papéis femininos – e nem podiam assistir às comédias. Isso porque, segundo a “lógica do período”, a comédia era considerada inferior à tragédia, o que também é um preconceito. A mulher, que era considerada inferior, não podia assistir a “obras inferiores”. O Teatro foi utilizado pelo Estado grego como celebração de caráter cívico e religioso com o objetivo de “educar” – no duplo sentido da palavra, ou seja, doutrinar e transmitir conhecimentos aos espíritos e sensibilizar os cidadãos. Das formas ritualísticas em homenagem aos deuses, os governantes passaram a incentivar e a obrigar os cidadãos a freqüentarem os imensos teatros construídos para que assistissem às tragédias. Criaram, também, os grandes festivais de teatro, que davam prêmios e prestígio aos autores teatrais. Naturalmente, nesse período só eram selecionadas obras interessantes ao Estado, que não se opunham aos valores defendidos por ele. A produção popular jamais recebeu qualquer tipo de apoio e, sem exagero, acabou sendo “expatriada” pelo Estado. Depois de assistir a uma tragédia, os espectadores saíam dos teatros como que purificados, aliviados espiritualmente; algo parecido com o tipo de conforto que religiosos têm quando acompanham um culto, por exemplo. Esse estado de vivência emocional ou de limpeza interior chamava-se catarse (do grego khatarsis) e, modernamente, como já apresentado, corresponde à empatia ou identificação. Ao longo de quase toda a história, o Teatro tem sido usado pelo Estado, ou mesmo por grupos que detêm o poder, como um instrumento de grande eficácia para a doutrinação política, visando tornar os indivíduos menos combativos ou mais submissos. Através das artes da representação, e entre elas particularmente o Teatro, normas de conduta, valores e tradições morais, padrões de gosto têm sido disseminados de maneiras bastante sutis e aparentemente neutras. Depois de longos séculos de proibição e, até mesmo, morte de atores, a Igreja, durante toda a Idade Média, levou o teatro ao culto da missa. De dentro das igrejas as encenações ganharam as praças públicas, sempre com o objetivo de doutrinar, sobretudo o homem comum. Assim, o Teatro tem sido utilizado para atender a diversos interesses: por governantes, para difundir a sua visão de mundo, buscando tornar os comportamentos o mais próximo possível aos interesses do Estado; pelos que não querem mudanças, para criar e manter visões de mundo geralmente fundamentadas na idéia de “sofrimento individualista”; por aqueles que se opõem a governos injustos, desumanos e totalitários, para denunciar o presente e anunciar um novo futuro; e, ainda, para divertir, para ganhar dinheiro, etc .
Algumas tendências do Teatro atual em São Paulo
Atualmente, não só no Brasil, existem diferentes maneiras de o Teatro ser praticado. Alguns espetáculos objetivam ou o divertimento ou o sofrimento. É o caso daquelas comédias e dramas que falam de traições entre casais, de confusões em família, de amores impossíveis. Apesar de poder ser uma simplificação, podem ser aí inseridos os chamados dramas burgueses e as comédias de intriga. Outros espetáculos objetivam apenas impactar visualmente. O consagrado diretor teatral Antunes Filho, criticando essa tendência, afirma em vários de seus depoimentos que um camelo nessa linha teatral tem muito mais importância do que o ator ou o texto. O texto teatral funcionaria como um pretexto e o ator, como mais um adorno. Nessa tendência podem ser colocados os espetáculos ligados ao chamado Teatro pós-moderno.
Outros, ainda, bastante produzidos por muitos dos astros televisivos, objetivam o riso escandaloso, preconceituoso e debochado em relação às loiras, aos negros, aos homossexuais, aos traídos, etc. Faz parte dessa tendência o chamado Teatro besteirol. Outros espetáculos, buscando de algum modo o desenvolvimento de um Teatro popular e comunitário, escolhem assuntos próximos aos problemas das comunidades da periferia. Muitos dos integrantes desses grupos são originários dessas mesmas comunidades. Dessa tendência, podem ser citados o grupo União e Olho Vivo, dirigido por César Vieira; o grupo Engenho Teatral, dirigido por Luiz Carlos Moreira, e o grupo Pombas Urbanas, dirigido por Lino Rojas. Outros, montados a partir de textos que, de diferentes modos, podem ser inseridos no vulgarmente chamado “papo cabeça”, têm o mérito de, pelo menos, inquietar, provocar e fazer o assunto continuar depois de as cortinas terem descido. Trata-se de uma tendência na qual os artistas têm compromissos estéticos concretos com a obra, tanto na forma quanto com relação ao seu conteúdo e, sobretudo, com relação a uma determinada pesquisa de linguagem. Apesar de significativas diferenças, tanto estéticas como de linguagens, e, ainda, de alvos e de alcance político, podem ser inseridos nessa tendência, especificamente no caso do Teatro praticado na cidade de São Paulo, o C.P.T. – Centro de Pesquisa Teatral, iniciativa do Sesc São Paulo, sediado no Sesc Consolação e dirigido por Antunes Filho; a Cia. do Latão, dirigida por Sérgio de Carvalho e Márcio Marciano; o Oficina, dirigida por Zé Celso; a Fraternal Cia. de Artes e Malas Artes, dirigida por Ednaldo Freire a partir de textos escritos por Luís Alberto de Abreu; o Galpão do Folias, dirigida por Reinaldo Maia e Marcos Antonio Rodrigues; Os Parlapatões, dirigido por Hugo Possollo; a Cia. São Jorge de Variedades, dirigida por Georgette Fadel; o Grupo Tapa, dirigido por Eduardo Tolentino; o Teatro da Vertigem, dirigido por Antônio Araújo; a Cia. Fábrica São Paulo, cujos últimos espetáculos têm sido dirigidos por Robert McCrea; a Cia. Pia Fraus, com um trabalho de criação e direção coletivas, e a Cia. Trucks Teatro de Boneco, dirigida por Henrique Sitchin.
Novas Formas de Olhar – olhares simbólicos
Já vimos, logo no início do texto, que a essência do Teatro compreende o ator, o texto e o público. Vimos, também, que a arte é uma linguagem e uma forma de expressão e de comunicação em que os significados são construídos por meio de símbolos. Nesse processo simbólico, os artistas desenvolvem um trabalho de recriação tanto da realidade quanto das relações humanas, que não são percebidas do mesmo modo por todos os indivíduos. Carregada de idealização, a arte ajuda na construção visionária (imaginada) de “novos olhares sobre a realidade”. A esse processo, quase sempre subjetivo e pessoal, dá-se o nome de “reconstrução simbólica”. No dicionário, símbolo aparece como “aquilo que, por sua forma ou sua natureza ou por um princípio de analogia, representa ou substitui outra coisa”; a balança como símbolo da justiça, água como símbolo da purificação. Pode significar, também, “elemento descritivo ou narrativo suscetível de dupla interpretação, associada quer ao plano das idéias, quer ao plano real”; e, ainda, alegoria, comparação, metáfora. Pode parecer difícil, mas o que se tenta dizer aqui é que cada indivíduo pode analisar uma obra teatral – que é sempre simbólica – de modos os mais diferentes, buscando entender ou, pelo menos, imaginar seus diversos significados. Uma série de fatores podem ajudar ou dificultar a análise de um espetáculo teatral. Ao se analisar um espetáculo deve-se evitar expressões como: “Gostei!”, “Não gostei!”, “Não entendi nada!”. É necessário lembrar que o espetáculo é o resultado de um trabalho coletivo e complexo, bastante diferente de um objeto como uma calça, um sorvete, um bife. É possível comentar um espetáculo por diversos aspectos. Pode-se falar do texto, do trabalho dos atores, da trilha sonora, etc. Ajuda bastante quando se tenta separar todas as coisas.
Análise do espetáculo teatral a partir de seus elementos essenciais.
Primeiramente, sempre que for possível, deve-se procurar saber mais sobre o espetáculo. Caso não se tenha tido acesso a nenhuma informação, ao chegar ao teatro podem-se ler os materiais sobre o espetáculo que, normalmente, estão afixados, ou o programa, que, muitas vezes, é gratuito. Saber antes alguma coisa sobre o espetáculo pode ser bastante interessante. Com relação ao texto, pode-se começar indagando sobre o que ele fala. Tomando-se como exemplo
Romeu e Julieta, de Shakespeare, ele fala das dificuldades que dois jovens que se amam enfrentam para ficarem juntos. A impossibilidade determinante para o amor não acontecer deve-se à rivalidade entre as suas famílias. Continuando a indagação, em relação ao seu conteúdo, que ponto de partida ele toma? O assunto é priorizado tomando como protagonistas os desejos e necessidades dos dois jovens. Como as razões das personagens são apresentadas e desenvolvidas? Os jovens são obrigados a praticar uma série de ações que culminam na morte de ambos, por intransigência e cegueira de seus pais. De que modo o assunto do texto se liga aos interesses pessoais de cada um e ao momento em que se está vivendo? À semelhança da sociedade de Verona, onde a história dos jovens se passa, o poder proibitório dos pais ainda existe? Considerando aquele contexto histórico (séculos XVI e XVII) em relação ao nosso, os mais velhos continuam determinando o destino dos jovens? Famílias brigadas ou inimigas conseguem ver com olhos diferentes um rela-cionamento amoroso entre seus filhos? Nos dias de hoje, um jovem ainda é capaz de “morrer por amor?” Em que medida, a partir do assunto selecionado pelo autor, conseguimos entender melhor a realidade da peça ou nossa própria realidade? Apesar de o texto de Shakespeare ter sido escrito em 1594-5, a mentalidade e o comportamento no século XXI ainda guardam resquícios daquela época? Com relação ao trabalho de ator Pode-se analisar alguns aspectos do trabalho dos atores. Como os atores apresentam as personagens? O ator consegue emocionar quando a personagem sofre algum padecimento qualquer? Consegue fazer rir quando a personagem se envolve em alguma confusão? Se o ator, por exemplo, está fazendo o papel de um velho, e para convencer pinta o cabelo de branco, usa maquiagem, ele consegue convencer de que é um velho? Como gesticula? Como se movimenta? Existe uma verdade simbólica no que ele apresenta ou é exagerado? Como o ator fala? É possível entender suas palavras? Suas frases são claras do começo ao fim? Ele consegue falar de modo que todo mundo o ouça?
Com relação ao espetáculo
Não é uma questão relevante perguntar se no espetáculo a que se assiste há atores famosos de televisão. Também não o é perguntar sobre as opções sexuais de seus ídolos. Não tem sentido dizer que fulano é o maior ator de Teatro se você nunca o viu em um trabalho no palco. Também é incoerente dizer que fulano é o maior autor do teatro brasileiro se você só assistiu a uma minissérie dele adaptada para a televisão. Quando se tem a oportunidade de participar de um debate, uma das primeiras questões pode estar ligada à escolha do texto. Por que e por quem aquele texto foi escolhido? Como o conjunto de atores trabalha? Existe uma certa unidade de interpretação entre eles? Como eles se deslocam no espaço? Quando os atores estão em conjunto, como eles se organizam pelo espaço? As imagens que aparecem no espetáculo são bonitas? Que função teriam as imagens criadas? Como é o cenário. Bonito? Prático? Simbólico? Dentro do cenário, os atores conseguem se movimentar com facilidade? Demonstram estar à vontade? O cenário apresenta alguma situação de risco? Se apresenta essa situação de risco para o ator, será que isso seria mesmo necessário? Há no cenário algum material ou cor que chama a atenção? Qual se destaca mais que as outras? E os adereços usados em cena, são realistas ou fabricados especialmente para o espetáculo? Os adereços são construídos com algum tipo de material específico? Têm cores diferentes? Semelhanças? Quando há música nas cenas, como elas aparecem? Que importância tem a música para se entender melhor as cenas ou as personagens? Quando há música ao vivo, os músicos ou atores tocam bem os instrumentos? O figurino e a maquiagem ajudam a entender melhor a história? Eles são ligados à realidade? São simbólicos? Se simbólicos, que tipo de alusão eles fazem? Os atores demonstram se sentir bem com eles? Como a luz é utilizada no espetáculo? Que função teria a luz? Simbólica? Emocional? Temporal,
indicando passagem de tempo? É prática, por exemplo, para a troca de cenário, maquiagem ou figurino? Quais são as cores diferentes de luz que aparecem no espetáculo? A opção por cores diferentes teria alguma função? Em relação ao espetáculo, algumas questões subjetivas podem ser propostas. Clarice Lispector, uma das nossas maiores escritoras, afirmou certa vez: Não se preocupe em “entender”. Viver ultrapassa todo entendimento.
Um de nossos maiores poetas, Carlos Drummond de Andrade, escreveu:
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
(...) Convive com teus poemas antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros.
Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume com seu poder de palavra e seu poder de silêncio.
(...) Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível que lhe deres:
segunda-feira, 10 de maio de 2010
Um, Dois, Três...Um, Dois, Três...
Depois de muito termos conversado e estudado o sigificado dos três bolos no início da peça, e um único bolo no final, chegamos a conclusão que significa:
Só para Pensar...
CONFESSIONAL
Mário Quintana
Eu fui um menino por trás de uma vidraça
_ um menino de aquário.
Via o mundo passar como numa tela
cinematográfica, mas que repetia sempre as
mesmas cenas, as mesmas personagens.
Tudo tão chato que o desenrolar da rua
acabava me parecendo apenas em preto e
branco, como nos filmes daquele tempo.
O colorido todo se refugiava, então, nas
ilustrações dos meus livros de histórias, com
seus reis hieráticos e belos como o das cartas
de jogar.
E suas filhas nas torres altas _ inacessíveis
princesas. Com seus cavalos _ uns
verdadeiros príncipes na elegância e na
riqueza dos jaezes.
Seus bravos pajens (eu queria ser um deles...)
Porém, sobrevivi...
E aqui, do lado de fora, neste mundo em que
vivo, como tudo é diferente! Tudo, ó menino
do aquário, é muito diferente do teu sonho...
( Só os cavalos conservam a natural nobreza.)
Queridos leitores deste blog:
Sensibilidade, por Plinio Marcos
O Ator
Por mais que as cruentas e inglórias batalhas do cotidiano tornem um homem duro ou cínico o suficiente para ele permanecer indiferente às desgraças ou alegrias coletivas, sempre haverá no seu coração, por minúsculo que seja, um recanto suave onde ele guarda ecos dos sons de algum momento de amor que viveuna sua vida.
Bendito seja quem souber dirigir-se a esse homem que se deixou endurecer, de forma a atingí-lo no pequeno núcleo macio de sua sensibilidade e por aí despertá-lo, tirá-lo da apatia, essa grotesca forma de autodestruição a que por desencanto ou medo se sujeita, e inquietá-lo e comovê-lo para as lutas comuns da libertação.
Os atores têm esse dom. Eles têm o talento de atingir as pessoas nos pontos onde não existem defesas. Os atores, eles, e não os diretores e autores, têm esse dom. Por isso o artista do teatro é o ator.
O público vai ao teatro por causa dos atores. O autor de teatro é bom na medida em que escreve peças que dão margem a grandes interpretações dos atores. Mas o ator tem que se conscientizar de que é um cristo da humanidade e que seu talento é muito mais uma condenação do que uma dádiva. O ator tem que saber que, para ser um ator de verdade, vai ter que fazer mil e uma renúncias, mil e um sacrifícios. É preciso que o ator tenha muita coragem, muita humildade e, sobretudo um transbordamento de amor fraterno para abdicar da própria personalidade em favor da personalidade de sua personagem, com a única finalidade de fazer a sociedade entender que o ser humano não tem instintos e sensibilidade padronizados, como os hipócritas com seus códigos de ética pretendem.
Eu amo os atores nas suas alucinantes variações de humor, nas suas crises de euforia ou depressão. Amo o ator no desespero de sua insegurança, quando ele, como viajante solitário, sem bússola da fé ou da ideologia, é obrigado a vagar pelos labirintos de sua mente, procurando no seu mais secreto íntimo afinidades com as distorções de caráter que seu personagem tem. E amo muito mais o ator quando, depois de tantos martírios, surge no palco com segurança, emprestando seu corpo, sua voz, sua alma, sua sensibilidade para expor sem nenhuma reserva toda a fragilidade do ser humano reprimido, violentado. Eu amo o ator que se empresta inteiro para expor para a platéia os aleijões da alma humana, com a única finalidade de que seu público se compreenda, se fortaleça e caminhe no rumo de um mundo melhor que tem que ser construído pela harmonia e pelo amor. Eu amo os atores que sabem que a única recompensa que podem ter não é o dinheiro, não são os aplausos. É a esperança de poder rir todos os risos e chorar todos os prantos. Eu amo os atores que sabem que no palco cada palavra e cada gesto são efêmeros e que nada registra nem documenta sua grandeza. Amo os atores e por eles amo o teatro e sei que é por eles que o teatro é eterno e que jamais será superado por qualquer arte que tenha que se valer da técnica mecânica.
Plínio Marcos
Ivan Izzo
VIAJAR! PERDER PAÍSES! - FERNANDO PESSOA
Viajar! Perder países!
Ser outro constantemente,
Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!
Ir em frente, ir a seguir
A ausência de ter um fim,
E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.
Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.
O resto é só terra e céu.
Apresentação
Pra mim, fazer parte desse grupo, é mais do que gratificante, é uma responsabilidade que não tem preço, pois não somos apenas um grupo, e sim uma família, que estamos construindo com muito amor, dedicação e humildade. É uma família que cresce cada vez mais trazendo o bem para todos aqueles que quiserem se juntar a nós.
Nossa pesquisa começou há muito tempo atrás, mas agora vêm tomando a nossa cara, a nossa forma e a nossa língua. Assim, buscamos construir a nossa personalidade quanto grupo, juntos sempre. Em prol de algo que é bem maior do que todos nós, o ritual chamado TEATRO!
domingo, 9 de maio de 2010
Tentativa do meu primeiro post
Bom... vou deixar aqui, minha contribuição do ensaio passado...
Meu recomeço
Não há intrusos
No vagão escolhido
Desvendo a profecia
Anulando os peritos
O ranger das ofensas
Abafam as sinetas
O veneno recorrente
Retalha meu abismo
O vapor do meu silêncio
Transpira minha alma
A batalha absurda
Precipita minha aquisição
O âmago polido
Indica o segredo
Retido no mergulho
De quando adormeço
Diluo a frustração
E o arrependimento
Assim, construo a satisfação
Do fim até o começo...
Heloísa Barrozo de Assiz, 07/05/2010
Fiquei extremamente tocado ao ouvir essas palavras e resolvi postar aqui para dividir com todos!!!
FELIZ DIA DAS MÃES!!!
Recado de Mãe aos seus filhos,
Que, quando se lembrarem de sua infância, não recordem os dias difíceis (vocês nem sabiam), o trabalho cansativo, a saúde não tão boa, o casamento numa pequena ou grande crise, os nervos à flor da pele – aqueles dias em que, até hoje arrependida, dei um tapa que ainda agora dói em mim, ou disse uma palavra injusta. Lembrem-se dos deliciosos momentos em família, das risadas, das histórias na hora de dormir, do bolo que embatumou, mas que vocês, pequenos, comeram dizendo que estava maravilhoso. Que pensando em sua adolescência não recordem minhas distrações, minhas imperfeições e impropriedades, mas as caminhadas pela praia, o sorvete na esquina, a lição de casa na mesa de jantar, a sensação de aconchego, sentados na sala cada um com sua ocupação.
Que quando precisarem de mim, meus filhos, vocês nunca hesitem em chamar: mãe! Seja para prender um botão de camisa, ficar com uma criança, segurar a mão, tentar fazer baixar a febre, socorrer com qualquer tipo de recurso, ou apenas escutar alguma queixa ou preocupação. Não é preciso constrangerem-se de ser filhos querendo mãe, só porque vocês também já estão grisalhos, ou com filhos crescidos, com suas alegrias e dores, como eu tenho e tive as minhas. Que, independendo da hora e do lugar, a gente se sinta bem pensando no outro. Que essa consciência faça expandir-se a vida e o coração, na certeza de que aquela pessoa, seja onde for, vai saber entender; o que não entender vai absorver; e o que não absorver vai enfeitar e tornar bom.
Que quando nos afastarmos isso seja sem dilaceramento, ainda que com passageira tristeza, porque todos devem seguir seu caminho, mesmo que isso signifique alguma distância: e que todo reencontro seja de grandes abraços e boas risadas. Esse é um tipo de amor que independe de presença e tempo. Que quando estivermos juntos vocês encarem com algum bom humor e muita naturalidade se houver raízes grisalhas no meu cabelo, se eu começar a repetir histórias, e se tantas vezes só de olhar para vocês meus olhos se encherem de lágrimas: serão apenas de alegria porque vocês estão aí. Que quando pareço mais cansada vocês não tenham receio de que eu precise de mais ajuda do que vocês podem me dar: provavelmente não precisarei de mais apoio do que do seu carinho, da sua atenção natural e jamais forçada. E, se precisar de mais que isso, não se culpem se por vezes for difícil, ou trabalhoso ou tedioso, se lhes causar susto ou dor: as coisas são assim. Que, se um dia eu começar a me confundir, esse eventual efeito de um longo tempo de vida não os assuste: tentem entrar no meu novo mundo, sem drama nem culpa, mesmo quando se impacientarem. Toda a transformação do nascimento à morte é um dom da natureza, e uma forma de crescimento.
Que em qualquer momento, meus filhos, sendo eu qualquer mãe, de qualquer raça, credo, idade ou instrução, vocês possam perceber em mim, ainda que numa cintilação breve, a inapagável sensação de quando vocês foram colocados pela primeira vez nos meus braços: misto de susto, plenitude e ternura, maior e mais importante do que todas as glórias da arte e da ciência, mais sério do que as tentativas dos filósofos de explicar os enigmas da existência. A sensação que vinha do seu cheiro, da sua pele, de seu rostinho, e da consciência de que ali havia, a partir de mim e desse amor, uma nova pessoa, com seu destino e sua vida, nesta bela e complicada terra. E assim sendo, meus filhos, vocês terão sempre me dado muito mais do que esperei ou mereci ou imaginei ter.
terça-feira, 4 de maio de 2010
Salve nossa Madrinha!
Inspirado pr Manoel de Barros
Acredito que inventamos tudo isso, nosso caminho, as estrelas, união de corpos, mentes provocativas, inquietações e um turbilhão criativo que chamamos de Encenação. Vamos encenar, ensaiar, ensinar... Pois é uma questão de sina! Está marcado! Escrito nas horas desta noite quieta, louca e cheia de silêncios... Nervosos? Ansiosos? É a chegada da estréia! Minha avó tinha uma amiga chamada Astréia! (nada a ver) Estrear, verbo irregular como foi, é e será o medo grego imcomparado, ímpar e suave. Inspirado por Manoel de Barros e terminando nos braços de Orfeu! Boa noite para todas as Nenas e até o próximo devaneio!
História dos Sentimentos
segunda-feira, 3 de maio de 2010
Como surgiu o nome Las Nenas???
Dirijo o espetáculo "Coração Bazar", em parceria com Eduardo Bodstein desde 2006, quando foi montado ainda dentro da estrutura estudantil, com nossas alunas do Curso Livre de Iniciação Teatral. ( Nesses quatro anos muita coisa mudou!!!)
Mas é bom iniciarmos pelo começo! Seguindo a sugestão da atriz Letícia Mello, vou explicar como surgiu o nome do grupo "Las Nenas" .
Em 2001, morei em Barcelona, na Espanha e via muitos colegas de um curso que estava fazendo pronunciarem a palavra "Nena". Curioso, decidi perguntar porquê eles falavam "Nena" isso..."Nena" aquilo... e descobri que "Nena" pode ter vários significados: menina, garota, até querida, fofa...amada...tem a variação masculina também que é "Nene"!
Quando voltei ao Brasil, em uma aula (na época trabalhava no Colégio Anglo Brasileiro) eu devo ter chamado alguma aluna de Nena o que causou um certo estranhamento e eu expliquei o significado carinhoso que essa palavra tinha.
O tempo foi passando e o "Nena" foi sendo incorporado neste grupo de alunos. O que em certo momento foi adotado para batizar o Grupo, tornando: Grupo LasNenas de Teatro (hoje profissional, premiado e motivo de muito orgulho!)
Mas hoje em dia as proporções desta palavrinha são enormes...minha família utiliza o "Nena", vários amigos a utilizam, amigos e familiares das atrizes do Grupo...enfim ! Uma celebração carinhosa!
domingo, 2 de maio de 2010
Ensaio Produtivo!
A primeira "parte" do ensaio foi reservada para o trabalho de mesa, onde pudemos discutir e renovar alguns poemas e sentidos que estavam ficando automatizados...
Depois, sob a luz do sol, fizemos um aquecimento (maravilhoso!) que a nossa Nena Letícia coordenou e mais uma vez fomos surpreendidas por novas sensações!
Para fechar com chave de ouro, a direção propôs um exercício de improvisação e sensibilidade. Mostrou que estamos todas conectadas e em sintonia, além de ter gritado muito alto no coração de cada uma..(foi filmado e logo logo postaremos no blog!).
Saindo da parte "prática" para a parte técnica; nosso processo é minucioso e detalhista...começamos a refazer, lapidar, desconstruir e até criar a nossa partitura...que será montada do primeiro ao último segundo do espetáculo!
Ao final do ensaio sentamos e fizemos uma reunião de produção...e foi no meio dessa reunião que, inspirada por esse maravilhoso dia de ensaio, alguns versos começaram a surgir na minha cabeça...aqui vai o resultado final:
"O silêncio grita"
É uma inquietude sozinha
e que não depende de gestos e vozes,
músculos ou lágrimas, mortes e mortes.
Falta-me voz.
E a energia consumida com essa inquietude é tanta
que não sobra para gastá-la com sons ou palavras.
Somente com silêncio.
Ela está intrínseca e se recusa a sair,
para poder ouvi-la, só nos resta recostar e remoê-la;
no silêncio de uma caixa escura e com mil espelhos voltados para a alma.
Talvez se não existisse, não se seria completo.
Não seriam elas,
Não seria ela,
Nem seria eu.
-
Beijos e MERDA a todos sempre!