quarta-feira, 14 de julho de 2010

Pelos Olhos da personagem

Por incrível que pareça, esta será minha primeira postagem, assim quero compartilhar com todos o processo que estou passando para resignificar meus personagens do nosso amado "Coração Bazar".
Semana passada estava repensando como uma personagem minha, no qual ainda não consegui estabelecer limites físicos muito claros, mas consegui perceber como ela enxerga o amor, como ela sente e degusta esta sensação que vive.

Assim, escrevi um texto que ela retrata suas aspirações e aflições com algumas citações do texto da peça...

“Um rapaz diferentemente e penosamente se transforma em si mesmo, de pose quase teatral: de pé e com seu braço erguido, apoiado na moldura da porta aberta e contemplando o silencio deles. Sua expressão melancólica transpõe-se a uma pequena fumaça harmoniosamente, junto à sua sobrancelha arqueada, adjacente ao olhar distante no interminável corredor. Essa fotografia, quase um deja-vu, é observada dezenas de vezes... Talvez, a mesma quantidade de vezes que ela se pegou culpando ela mesma por não se controlar, logo dissolvendo suas torturas pelo convite de se deitarem para sonharem juntos.

Deitados a cama, o moço a questiona, como um menino perdido, os motivos pelo qual ele sente tudo ou não sente nada. Chega a ser insuportável a ele. Mas ela não sabe a resposta, ela não sabe nada, nunca sabe. Não entende as dúvidas, já que para ela o que ela sente é desproporcional a tudo, é forte e decisivo: Ela ama. O tempo se perde, e através da tranqüilidade da moça, ele dorme. Ela cuida dele, espera ele dormir para ela também se entregar aos devaneios que traz a madrugada.

Todo dia ele corre vários riscos: (...) de pensar de mais, acoimar se, de ferir o outro, de entender mal esses, de não suportar um não, da imperfeição, de chorar, de enxergar um novo, de sentir de mais, de não pensar, de parecer errado, de delirar (...).

E por isso, ela presta tanta atenção nele, para não errar. “Parece que os amantes confiam e desconfiam, com a mesma cegueira”.

Ah, esses amantes!

São precisamente a maravilha que são: “Cada um tomou um ser bruto e o moldou à sua imagem e semelhança. Poliu o seu gosto traços, humores...”. Desbastamos as imperfeições, sendo digeridas as chatices e tornando flashes-de-tédio-confortavelmente-inconfortáveis em amor intrínseco em nós. (ou vice e versa?!).

Ela já não busca respostas para vida junto a ele, as únicas coisas que sabe são as memórias irresistivelmente persuadidas em seu coração. Não busca o desejo de transformar seu sonho de fada em realidade. Porque esses dois ai, sempre viveram fora da realidade: não era idealização da garotinha ou do guri, mas a exceção dos dois. Sendo cabíveis todos os profundos e indiscretos sofrimentos. Afinal nem todos os dias são ensolarados. A chuva quando falta, pede se.

“O amor é privilégio de maduros”. Por isso...

“VAMOS (atrapalhar os outros, amor, e depois, sair correndo?....sofrer calmamente e sem precipitação?...nos persuadir intensamente dos acontecimentos do agora?...fingir que hoje é domingo?) BRINCAR, AMOR?”. ”

3 comentários:

Heloísa Barrozo de Assiz disse...

Lindo Fabi, amei demais! Msm, msm!
Ouvi vc dizendo cada palavra deste texto!

amo vc
bjs

Ivan Izzo disse...

Working progress baby....é isso aí!!!
O caminho é esse...difícil...mas extremamente prazeroso e criativo!
Parabéns!!!

Letícia Mello disse...

Nossa, muitas idéias fluindo em minha cabeça... texto lindo Fabi!