domingo, 6 de junho de 2010

Confissão de uma mulher de 20.

Minhas queridas Nenas, peço lincença para um pequeno desabafo processual!

Sabe quando a gente chega numa certa idade e se é jovem o bastante para sair pelo mundo conhecendo a vida e descobrindo as maravilhas que há por ai, quando a gente acha que a vida é imensa e que temos muito o que viver pela frente e a gente só brinca de que está velho? E é nessa idade que a gente já não sabe mais exatamente o que quer da vida, porque queremos um pouquinho de tudo... achamos que começar a fazer planos ou pensar em um futuro, ainda é muito cedo... e ficamos adiando decisões importantes, grande passo, correr riscos. Pois é, eu estou vivendo essa idade: de não saber o que quer, de não saber o que fazer, de querer viver tudo de todos os lados, de fugir de responsabilidades ou qualquer coisa que possa me prender por muito tempo... não quero estar presa, quero viver o presente intensamente e estar aberta a todas as possibilidades que ele me dará, afinal, eu ainda sou muito nova. Sou? Será? Há 27 anos atrás minha mãe já estava casa e com um filho, assim como a maioria dos pais das pessoas da minha geração. Será que eles eram atrasados e sem perspectiva de vida, sem ambições ou somos nós que temos medo de estar presos a um só destino, como eles?
Costumava pensar que eu estava agindo certo e que era loucura pessoas da minha idade casar-se ou terem filhos. Com tanta coisa no mundo para se conhecer, fazer, escolher, ser responsável é a ultima delas que eu vou escolher. Sim, tenho que concordar que muitas dessas pessoas “loucas” são sim muito irresponsáveis ainda para assumir um tipo de compromisso como esse - ainda mais quando envolve a vida de outro ser humano - sem estarem realmente prontas. Mas como se adquire responsabilidade? Errando? E como se erra? Fazendo? Por que então deixamos de fazer? Para não ter responsabilidade. Fato! Mas então, por que criticar aqueles “loucos irresponsáveis” por buscarem [às vezes sem querer] a tão temida responsabilidade? A inconseqüência nem sempre nos leva para o mau caminho, às vezes ela nos ensina o que a “vida correta” jamais nos poderia ensinar. Privarmo-nos de nossos erros nem sempre é a maneira mais sábia de se aprender.
Não quero dizer com tudo isso que é para sairmos feito loucos, casando, tendo filhos, comprando casas, ou mergulharmos num emprego, nos arriscando demais, porque isso seria puramente inconseqüência, não aprendizado. Mas que deveríamos olhar mais para as nossas escolhas. Hoje existe a tão esperada liberdade, que caminha com a “segunda chance”. Sei que são atributos importantes que nos ajudam a nos recuperar de uma rasteira grande da vida, mas isso não quer dizer que só porque existam que deveríamos sempre usá-las. São bônus que devem ser usado quando necessário, e que vão se esvaindo com o tempo.
Assim, acredito que as pessoas deveriam repensar em suas atitudes e escolhas impostas por uma sociedade contemporânea que dita regras absurdas. Não é porque milhões de pessoas dizem que após o colégio você tem que entrar em uma universidade, que você realmente precisa. Pode ser que você ainda não esteja pronto para isso, e saiba reconhecer, pois esse erro pode prejudicar gerações, acredite. Procure um emprego, conheça o mundo, entenda aquilo que te cerca para realmente saber em que parte você quer se encaixar nisso que chamamos de sociedade. Não é porque você pode namorar ou casar com mil pessoas que você vai trocá-las a cada 3 anos. Se ainda não está pronto para construir algo a dois, então nem comece, pois isso só vai causar sofrimento e decepções, que podem traumatizar quais quer relacionamentos futuros. Não pense que a outra pessoa está lá para satisfazer suas necessidades e carência e “que seja eterno enquanto dure”. Faça durar para sempre, queira que dure para sempre. Desistir nem sempre é a melhor solução.
O que mais existe hoje é o medo de tentar e de pensar a longo prazo. E é por essas atitudes que as pessoas acabam crescendo incompletas, às vezes infelizes e com sonhos e desejos distorcidos por uma fatalidade que ela própria não escolheu. Aprender com os erros é fundamental, mas não podemos esquecer de que nossos erros atingem outras pessoas, então nem sempre é possível se errar, ou então é melhor se errar junto, porque assim se aprende em dobro.
E afinal, o que eu quero dizer com tudo isso? Simples, que as pessoas devem sim acreditar mais nos amor. Não no amor das comédias românticas, mas no amor dos dramas, aquele em que se luta até o fim pelo desejo. Que às vezes é bom se pensar que não existe uma segunda chance, para que, sabendo disso, você tenha certeza de é aquilo que você quer de verdade. Experimentar sim, mas brincar com a vida... acho muito perigoso, pois nunca se sabe quem pode sair machucado dessa brincadeira, e eu é quem não quero ser.

Um comentário:

Heloísa Barrozo de Assiz disse...

Lindo Leka... lindo... como sempre, eu sou sua fã!