sexta-feira, 14 de maio de 2010

Começar de novo

Olá, queridos.

É tão difícil ficar guardando tudo que tenho pra falar (e não é pouco). Depois de uma semana tão maluca, venho compartilhar com vocês as minhas experiências do último ensaio. As meninas, minhas nenas queridas, já contaram a versão delas. Minha vez!
O encontro da semana passada trouxe de volta uma tradição antiga nossa (uma das minhas favoritas) e que abandonamos em 2010. Costumávamos dedicar um tempo do ensaio para ler poemas, trechos de livros ou músicas que traduzissem os sentimentos da semana. Parece tão difícil, né? E é mesmo. Muitas vezes você se vê diante de milhares de possibilidades e, de vez em quando, não tem nada! É um trabalho árduo transformar uma sensação em algo palpável, como palavras. Esse é o momento da emoção, o que não quer dizer que choramos toda semana (só de vez em quando). Na verdade, esse é o intervalo que dedicamos à nossa sintonia. É o momento do grupo dividir o que passou naquelas horas em que não estávamos juntos. Eu escolhi para a semana passada um texto do livro "Tigre de Veludo" do poeta americano E.E. Cummings. O pedacinho falava sobre a intensidade do amor, da plenitude do sentimento e também da possibilidade do fim de tudo isso. Em seguida, li uma página de "A Paixão Segundo G.H.", coisa que surpreenderia a maior parte dos meus amigos, já que tenho uma aversão declarada por Clarice Lispector, autora do livro. Há alguns anos, li "A Hora da Estrela" da mesma escritora e achei péssimo. G.H. mudou a minha opinião. Além disso tudo, G.H. me entendeu (coisa que poucos andam conseguindo ultimamente). Clarice me explicou a dor e a delícia de amar (algo que, cá entre nós, venho descobrindo).
Bom, mas sem nostalgia. Depois da leitura, assistimos alguns episódios de "Malu Mulher", o seriado televisionado pela Rede Globo no final da década de 70 e início de 80. Regina Duarte faz o papel da protagonista, uma mulher que tem que reaprender a viver depois do seu divórcio. Trinta anos depois e o tema mais atual que existe. Surpreendente, né? Recomendado para os apaixonados pela arte, especialmente pela aula de atuação dada por Marília Pêra e Gianfrancesco Guarnieri. Adorei!
A direção sugeriu, então, um exercício sensacional. Era hora de "colocar em prática" todas as emoções e situações discutidas anteriormente. A proposta era de um exercício sinestésico. Deveríamos sentir a música ouvida. "Como se movimenta o desespero, o amor, a alegria?", "Quero ver o azul em seu corpo!" O amor em um gesto, as mãos que constróem a imagem da tristeza. No final, mesmo sem ar, com as mãos doloridas e alguns roxos espalhados pelos corpo (me empolguei no exercício. Coloquei pra fora toda a intensidade e ahhh, como isso era necessário!), senti profunda satisfação e prazer em poder ter essa experiência.
No final do ensaio, me peguei tendo o mesmo pensamento que tenho há meses: todos deveriam ter a chance de participar de um ensaio de "Coração Bazar". É tão único. Os ensaios conseguem revitalizar, energizar a todos. A alma sai diferente: leve, flexível, aberta ao novo. Sinto profunda gratidão em poder ter essa experiência. Sou grata por tudo isso. Pelas meninas maravilhosas, as minhas nenas queridas, que me entendem pelo olhar, por um suspiro e não medem esforços para me ajudar. Pela direção, que já é mais do que família, e que exige cada vez mais, reconhecendo nossos medos e aflições mais escondidas. Pelo texto de "Coração Bazar" (e todos os seus autores), que, quando compreendido, ilumina tantas partes da vida. Pela querida madrinha, Regina Duarte, que nos deu essa chance e acompanha ainda o processo. Por todos aos que foram assistir e apoiaram sempre (pais, irmãos, amigos, namorados e etc).
Obrigada, "Coração Bazar" e Lasnenas, por me fazerem cada dia mais feliz. E mais completa.
Com amor,
Isabella

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